Stratus Luna – 21 de novembro de 2019 – Café Piu Piu - Espetáculo Faces Progressivas
- Roadrock Blog
- 11 de dez. de 2019
- 6 min de leitura
As Quintas Tributo são tradição no Café Piu Piu.
São momentos que acontecem já há alguns anos, onde podemos curtir bandas de alto nível, que fazem suas homenagens aos grandes ícones do Rock mundial. Desta vez o diferencial foi a oportunidade de ver o autoral Stratus Luna, um grupo de Rock Progressivo formado pelos jovens Giovanni Santhiago Lenti, 18 anos, na bateria; Gustavo Santhiago, 20 anos, nos teclados, flautas e sitar; Ricardo Santhiago, 22 anos, na guitarra e Gabriel Golfetti, 19 anos, no baixo e vocal*.

Para esta noite o Stratus Luna preparou um show entitulado de “Faces Progressivas”, onde prestam tributos a vários grandes nomes relacionados ao tema e de quebra, apresentam algumas peças de seu repertório autoral que pertencem ao seu primeiro registro auto entitulado (lançado este ano em formato digital e CD), além de alguns flertes muito bem vindos com o mundo do Jazz. Detalhe que vale destacar aqui, o material do Stratus Luna foi lançado também nos EUA, aonde vem obtendo uma ótima repercussão.
Abrindo a noite inesperadamente para muita gente, o grupo interpretou um número de Jazz, de forma singela e competente. Whiplash (não é a música do Metallica nem a banda de Thrash Metal), canção de Don Ellis, trompetista americano que aparentemente nada tem a ver com Rock Progressivo ecoou pelo Café Piu Piu quase como um paradóxo em um evento que semanalmente sempre nos trás Rock. Sofisticação e evidentemente uma amostra das raízes jazzísticas que normalmente os músicos progressivos possuem foram marcas registradas dessa muito bem vinda introdução, a qual já deixava bem claro que a noite seria cheia de grandes surpresas musicais.
De fato o público podia relaxar, pois estava em boas mãos. Dentro da proposta da noite, a segunda investida, magnífica Birth do Focus, foi o ponta pé inicial na porta do Progressivo de respeito, ganhando toda a atenção do público presente, em sua maioria fãs e conhecedores do trabalho original.

A seguinte, Lunar Sea do Camel, foi o seguimento que agradou ainda mais, já emprestando belíssimos tons de cores diferentes ao clima do que ia se tornando uma excelente apresentação, deixando brilhos inesperados nos olhos dos frequentadores que já a essa altura tinham a segurança de estarem numa das melhores quintas tributo do ano.
O desvio muito inteligente e bem vindo se fez a seguir, quando o Stratus Luna invocou as energias míticas do Rock Clássico do Deep Purple, nos trazendo Lazy, em uma interpretação pessoal e muito bem arranjada, aquecendo a galera e mostrando muita versatilidade musical, levando a viagem para paisagens mais duras, não menos interessantes e de pleno acordo com a proposta da noite, mesmo o Deep Purple não sendo exatamente uma banda de Progressivo.
Vale lembrar que o pessoal que vai ás quinta-feiras no Piu Piu é um público de grande cultura e muito bom gosto, que curte a boa música, seja na forma que se apresente. São pessoas que sempre esperam pelas diversas faces do Rock de qualidade, principalmente o setentista. E até aquele momento esse público já estava ganho pela magia, talento e excelente escolha de repertório do Stratus Luna.

Com um início para roqueiro nenhum botar defeito eu poderia até dizer que se seguiu uma pausa na viagem, pois a próxima música foi mais um número de Jazz, Red Baron de Billy Cobham, que foi baterista do Mahavishnu Orchestra, banda americana de 1970, criada pelo guitarrista John McLaughlin. Mas seria um erro considerar essa pausa no que foi sim um desvio para outras paragens não menos interessantes. Todos fomos conduzidos na verdade a outro momento de prazer, que levou muita gente a pedir mais uma cerveja. Perícia, segurança e bom gosto foram atributos sempre presentes no trabalho que os meninos nos ofereciam com muita boa vontade e competência.
E foi aí que veio o momento já muito esperado por quem já tinha tido a oportunidade de vê los em outros shows. 21st Century Schizoid Man do King Crimson (que recentemente esteve no Brasil), foi executada de forma impecável e poderosa, mostrando claramente que aquilo era parte de muito mais do que estaria ainda por vir e mandando nas entre linhas que quem não estava a fim de muito progressivo poderia se retirar, pois dali em diante a conversa ficaria ainda mais séria...
Após serem ovacionados pelos presentes satisfeitos, a próxima investida seria algo ainda mais inusitado.
Sabe se que interpretar linhas de vozes com instrumentos em muitas músicas não é novidade. Mas aqui o Stratus Luna surpreendeu. The Great Gig in The Sky do Pink Floyd nos foi entregue numa adaptação única, sem os vocais femininos, que surgiram linda e criativamente, cheios de sentimento, através das belas notas da guitarra do Ricardo Santhiago. Simplesmente sensacional, claro que diferente da original, mas mantendo o clima e toda a graça. Comparando com a versão que David Gilmour nos trouxe em sua última turnê, onde inseriu vocais masculinos que na minha opinião ficaram horríveis, esses garotos fizeram um trabalho fora de série, mantendo a beleza e nostalgia da canção original. Para encurtar a história, os Quatro Fantásticos do Stratus Luna ganharam o público de vez, colocando todos num caminho sem volta onde só nos restaria curtrir e viajar ainda mais.
E com a causa ganha e o terreno devidamente preparado veio a primeira autoral da noite. O Centro do Labirinto, combinando perfeitamente com todo o espetáculo, ganhou o coração de todos e despertou o interesse de muita gente em conhecer o material da banda, algo que fez parte do intervalo que se seguiu, com o povo procurando no Spotfy e querendo também encontrar o CD.
A simpatia e acolhimento dos membros da banda foi uma marca registrada daqueles minutos em que pudemos ter para comentar e convesar com a banda. Sem marketing desenecessário, os meninos se mostraram muito felizes em dividir seu contentamento com todos que se aproximaram e isso os ajudou a continuar ainda melhores na segunda entrada, com o público ainda mais atento.
Com muito bom humor em anunciar Fi Fó Fi, que na verdade era Firth of Fifht do Genesis, Gabriel Golfetti chegou a lembrar Peter Gabriel e seus trocadilhos durante as apresentações, marcadas pelas fábulas introdutórias e teatrais. Aqui, no entanto, a coisa ficou só restrita ao trocadilho, pois em seguida a canção começou, enchendo os olhos de todos os fanáticos pelo Genesis (me incluo). E apesar de uma pequena falha nos vocais pouco depois do início, a coisa toda funcinou muito bem nos encheu de emoção, numa das canções com os solos mais lindos da história do Rock Progressivo.

E segundo as palavras do próprio Gabriel Golfetti, valorizando o produto nacional, entoaram Tudo Foi Feito Pelo Sol dos Mutantes, momento que continuou a agradar a todos, numa vibe meio psicodélica que funcionou como outra preparação para a autoral Onírica, um show de criatividade e beleza, reafirmando a personalidade marcante dos quatro fenômenos.
Lady Fantasy outro momento do Camel foi muito bem aceita por todos e manteve o encantamento da noite, algo inclusive que a essa altura parecia não ter fim. O público já mal acostumado dava sinais de que poderia amanhecer com o Stratus Luna, quando Starless do King Crimson deu o ar de sua graça, espetacularmente interpretada em toda sua emoção e lisergia. Algo que seria a última peça de uma noite ímpar, não fosse pelos apelos de todos.
Então tivemos Luminol do Steven Wilson, uma surpresa contemporânea que funcionou muito bem, perfeitamente integrada ao clima da noite, introduzindo a última verdadeira, a autoral Efêmera, que agradou em cheio e deu a entender que o Stratus Luna veio para ficar e que muitas surpresas ainda estão por vir.
Saímos satisfeitos e encantados. A primeira noite do Stratus Luna no Café Piu Piu deu um ar de novidade as quintas tributo e trouxe verdadeiras pérolas que marcaram a apresentação com momentos únicos e inesquecíveis
de rara beleza.
Acima de qualquer crítica, os Quatro Fantásticos nos trouxeram uma viagem composta por muita música de qualidade e sentimento, algo que se sobressai até mesmo nas interpretações dos outros. Quem segue o Roadrock no Facebook já deve ter visto vários momentos da apresentação que venho divulgando já há algum tempo.
Mas se não viu pode ver agora. Confira nos links no final do texto alguns momentos desta noite única. E claro, em Roadrock Project você pode ver o show quase na íntegra em nossa playlist. Os links já levam ao caminho.
*Saiba mais sobre os integrantes :
Gustavo Santhiago: Toca desde os 7 anos tendo frequentado aulas de conservatório até os 15 anos (idade atual: 20 anos). Escolheu o instrumento influenciado pela banda inglesa Yes e, em particular, pelo seu tecladista, Rick Wakeman. Lançou em 2016 o CD solo “Ánimam”, com composições autorais (atualmente estuda Composição na Universidade de São Paulo e incorporou outras tendências ao seu estilo, sobretudo Jazzistas como Keith Jarrett, Herbie Hancock, Chick Corea e música hindú...)
Ricardo Santhiago: Toca guitarra desde os 9 anos (idade atual: 22 anos). Como a maioria dos guitarristas, começou ouvindo Rock, e se apaixonando pelo estilo do guitarrista americano Joe Satriani, para depois abordar outros estilos e tendências (desde Rictchie Blackmore a Pat Metheny).
Giovanni Santhiago Lenti: iniciou os estudos musicais aos 6 anos (idade atual: 18) influenciado pelo Bill Bruford, Marco Minnemann e Steve Gadd... Atualmente estuda na faculdade Souza Lima.
Gabriel Golfetti: (idade atual: 18) Desde cedo iniciou os estudos musicais e seu primeiro instrumento foi o violino, mas logo passou para a guitarra como instrumento principal. Apegou-se finalmente ao baixo após entrar em contato com influências como Les Claypool e John Wetton.
E fique ligado no Roadrock Project, pois a gente ainda vai trazer mais desses meninos!!!
Show de lançamento no álbum no CCSP (2019):
Veja outras matérias sobre o trabalho do Stratus Luna:
Links da banda:
Bandcamp: https://stratusluna.bandcamp.com
Facebook: https://www.facebook.com/stratusluna
Music*Magick: https://musicmagick.com
Moon June: http://www.moonjune.com/
Marcos Falcão.
Agradecimentos ao Giuseppe Lenti, pai do baterista Giovanni Santhiago Lenti, pelas informações adicionais.
E ao fotógrafo Marcos Vinícius Troyan Streithorst pelas fotos.
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