Steely Dan – Can’t buy you a Thrill – 1972 Um som que você precisa conhecer!
- Roadrock Blog
- 11 de abr. de 2019
- 3 min de leitura
(originalmente publicada em 24 de julho de 2018)

A primeira impressão que já salta aos ouvidos é de uma banda muito bem equilibrada, séria e determinada a inovar. Em 1972 tinha de tudo, desde jazz, blues, bandas de rock de todo o tipo de experimentalismo e ainda muita coisa da psicodelia dos anos 60. Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple estavam ainda nos primórdios de serem rotulados e definidos, tudo que era diferente a crítica classificava como bem queria, então era muito fácil encontrar alguém dizendo que essas bandas eram Rock Progressivo, ou até mesmo, um pouco mais adiante, Heavy Rockin’ Music. Não era diferente com os outros estilos. A confusão se instalava com rótulos e mais rótulos, até que cenário foi se definindo no que era mais coerente com o passar do tempo.
O Steely Dan surgiu misturando tudo que podia, principalmente Jazz e Rhythm & Blues, Soul e uma pitada de Rock ‘n’Roll, que se acentuou mais ao longo de sua carreira, em altos e baixos, de acordo com o perfeccionismo da banda, evidente de um álbum para o outro.
Toda essa mistura tornou muito difícil classifica los em um rótulo. Isso os tornou únicos e especiais, principalmente pela qualidade do som que produziram. Nessa época complicada e onde nasceram grandes nomes da música em todos os estilos, principalmente na música negra, o Steely Dan veio como algo inovador e muito interessante. Em seu álbum de estreia, Can’t Buy a Thrill, foram capazes de captar toda a essência de uma Nova Iorque marcante nos anos 70. Todo groove e comportamento, principalmente nos bairros de negros, fica evidente neste álbum do início ao fim.
De cara com Do it Again a banda já põe todo mundo num ritmo gostoso e altamente dançante que se tornou um de seus maiores sucessos, eternizada pelas rádios e até hoje presente em suas programações. Outros momentos se destacaram nesse primeiro registro, principalmente para mim.
Dirty Work nos remete as noites frias, onde canções eram feitas nas esquinas do Brooklin, com pessoas reunidas em volta de fogueiras urbanas, mesma sensação causada por Kings e seu trampo no piano, numa levada tranquila e gostosa de ouvir.
Only a Fool would play funciona para dançar, com sua pegada meio latina, momento contagiante e que se tornou bem conhecida por todo o mundo ao longo dos anos.
Mas não parou por aí, diferente de muitas bandas onde apenas algumas músicas figuram como grande sucesso, desse álbum ainda despontaram Relin’ in the Years e Midnight Cruiser,momentos magistrais que já demostravam que os caras vinham para ficar.

As outras canções são trampos para curtir e apreciar seus mínimos detalhes, os arranjos bem feitos e muitas vezes sutis, dando aquele toque que faz a música se tornar inesquecível. Detalhes que fazem a diferença. Em Brooklin (Ows the Charmer Under me)somos cativos pela beleza das melodias, incitando a imaginação em paisagens como as das manhãs de verão nova-iorquinas, entre outras coisas do cotidiano americano da época, um dos momentos mais bonitos do álbum que como um todo, parece nos remeter a trilhas sonoras de filmes clássicos, onde o comportamento e a cultura são amplamente retratados.
Resumidamente o que se tem é uma musicalidade muito bem-feita, ora para dançar, ora para curtir sem compromisso e em paz.
Sem sombra de dúvida, para começar foi algo que naquele ano ninguém esperava, pois, uma banda que misturava de forma muito inteligente tantas influências e estilos era algo mágico e muito marcante. O que o público não sabia era que aquele seria apenas o começo de uma coisa que se consolidou por sua criatividade, talento e perfeição ao longo dos anos que se seguiram.
Donald Fagen (pianos e todas a coisas de teclas!), Walter Becker(baixo), Denny Dias e JeffBaxter(guitarras), David Palmer (vocal principal), Jim Hodder(bateria) junto com um grupo de Jazz nos metais e a participação de Elliot Handall em alguns solos de guitarra foram o line updesse primeiro registro, ainda com as cantoras de Soul Cilyd King, Venetta Fields e Shirley Mathews. Sem dúvida gente demais para gravar algo tão bem feito. Coordenar todo mundo no mesmo objetivo e ainda alcançar um resultado tão bom seria mais um diferencial do fenômeno que se tornaria o Steely Dan a partir daí, mudando a história da música, influenciando gente de todas as tribos.
Merecidamente, ganharam disco de platina nos Estados Unidos e outras premiações pelo mundo. Isso porque a história estava apenas começando…

Marcos Falcão.
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