Retrô-Visor – Relicário Rock Bar - 09 de março de 2019
- Roadrock Blog
- 14 de abr. de 2019
- 4 min de leitura
Há pelo menos 30 anos atrás o cenário da música no mundo era bem diversificado, forte e com muita qualidade e criatividade em quase todos os estilos. Especialmente no Rock de uma forma geral, as coisas se mantinham em grandes padrões. Ideologias e modos de vida, hábitos e costumes eram uma constante na vida e comportamento dos jovens que a esse estilo se dedicavam. Conceitos como paz e amor se interligavam à rebeldia contra o sistema. E a valorização da liberdade em todas as suas formas marcava a história do Rock.
No Brasil essas coisas também aconteciam. Lado a lado com tribos urbanas de diferentes tipos, os jovens daquela época contestavam e cobravam a sociedade, os políticos e quem quer que fosse por melhores condições, paz e liberdade. O Rock brasileiro marcou a época e influenciou toda uma geração, criando jovens críticos que não aceitavam ser manipulados. Bandas como Legião Urbana, Plebe Rudge, Barão Vermelho, entre outras, fizeram parte da história política do país e deixaram sua marca na vida das pessoas. Subprodutos ou não das bandas dos anos setenta, filhos selvagens de uma ditadura que deve sempre ser esquecida, essa geração gritou, protestou e foi às ruas reivindicar os seus direitos, tendo como trilhas sonoras os trabalhos do grande Rock Nacional, em alta nos corações e mentes de todos.

Nos anos noventa o estilo se manteve na mesma proposta, renovando se com novas investidas que foram surgindo na meada da década e existem até hoje, apesar da cultura sofrer grande desgaste neste século, trazendo mudanças de pensamento, objetivos e preconceitos, infelizmente. A qualidade do Rock dos tempos anteriores faz grande diferença em relação aos dias de hoje. Ainda existem muitas bandas que se revoltam, criticam e não se curvam às injustiças sociais, taí o Punk Rock que sempre aparece em momentos de crise, mesmo que sufocado por uma sociedade hipócrita que baixa a cabeça e não luta por seus direitos.
O Rock Nacional de raiz hoje conversa com os que foram jovens lá atrás, muito mais do que com as novas gerações que não se importam com música como antigamente. É nessa pegada que muitas bandas ainda se dedicam a pregar as ideias de um tempo em que não ficávamos calados. São músicos que trazem de volta toda a energia e vibração, procurando conquistar novos públicos e difundir as premissas que tornaram o Rock uma música de protesto acima de tudo.
É bem aí que vamos ter o Velho Cenário e o Retrô-Visor, bandas tributo que se dedicam a manter vivos os clássicos dos maiores ícones das décadas passadas, levando a galera á loucura em cada nova apresentação.
Abrindo a noite para o Retrô-Visor, o Velho Cenário, em um ambiente singelo e ainda um tanto vazio, deu início ao evento, trazendo Legião Urbana e outras coisas, que agradou as pessoas que estavam chegando. Vale destacar que o Relicário é um ambiente onde sempre há um grande incentivo à cultura em suas diversas formas, promovendo frequentemente saraus literários e de música de vários estilos. Um ambiente ideal para extravasar a mente e curtir um bom som.

E foi por volta das vinte e três horas que o Retrô-Visor deu início aos trabalhos da noite, tomando o palco de assalto, já com o lugar lotado. Gomes Lira e Felipe Fatarelli (guitarras), Alexandre Queiróz (vocal), Claudinei Luís (baixo) e Ale Rodrigues (bateria) apresentaram um som alto, coeso e cheio de energia. Uma cozinha perfeita dava o tom para as guitarras poderosas e toda rebeldia e irreverência de um vocalista que se destaca por chamar a galera para a guerra e obter grandes resultados. O Frontman Alexandre nos dá a impressão de que a qualquer momento a banda vai arriscar um cover para War Pigs do Black Sabbath, pois sua empolgação é a mesma. Discursos de rebeldia e ironia são apoiados pelo público presente que fica mais selvagem a cada clássico invocado pelo grupo. Uma postura apaixonada que arranca de dentro da gente um passado do qual todos sentimos falta.
Uma banda cada vez mais compromissada em deixar horrorizadas “as pessoas da sala de jantar”, dando ao público exatamente aquilo que ele veio buscar. Vale destacar as performances para Bete Balanço (Barão Vermelho), Alvorada Voraz (RPM), Metamorfose Ambulante (Raul Seixas), Daniel na Cova dos Leões (Legião Urbana), Bichos Escrotos (Titãs) e O Tempo não Para (Cazuza), partes dos vinte e cinco petardos que a banda escolheu para incendiar o Relicário. Também extremamente competente as versões para duas canções internacionais, Poison Heart (Ramones) e Cry for Love (Iggy Pop), onde pudemos sentir que revolta dos caras também pode funcionar muito bem com a música internacional. O pessoal aprovou.

O Retrô-Visor se esforça para sempre nos trazer o melhor dos melhores. Se destacam apelo amor que mantém a um passado que ainda está sempre presente no coração de muita gente. Pessoas que sabem que o Rock jamais pode se curvar a qualquer regime fascista e reacionário, o que ficou muito claro pelas manifestações de insatisfação entoadas pelo público contra esse governo que está aí, ao longo de toda a noite. E os caras conseguem cair nas graças do público que ainda ficou depois do show trocando ideia com a banda.

Certamente uma noite espetacular dentro do que se propõe, deixando todos muito felizes, satisfeitos e saudosistas.
Destaquei uma playlist desse momento no link abaixo. Dê uma conferida, curta, compartilhe e se inscreva no nosso canal. O Roadrock tem um compromisso com o Rock, seja ele como for, sendo de qualidade, a gente vai lá e participa!
O Retrô-Visor aguarda seu contato. Siga os caras na internet e se quiser, chame eles para sua festa. Os caras estão aí, aguardando convites!
Marcos Falcão.
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