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Paraíso Inesperado – Uma jornada pelas atrações da Avenida Paulista!

  • Foto do escritor: Roadrock Blog
    Roadrock Blog
  • 10 de abr. de 2019
  • 6 min de leitura

(originalmente publicada em 20 de junho de 2018)



Uma vez, no ano passado, fui à Avenida Paulista num domingo, ocasião em que ela se torna uma imensa área de lazer e cultura, algo que vem acontecendo já há algum tempo, resistindo à má vontade da política local, como o antigo prefeito (?) que tentou, entre outras coisas, acabar com o projeto.


Trata se de uma coisa muito boa, que inclusive deveria ser multiplicada em outros locais da cidade, pois é um respiro saudável no meio do caos que envolve a todos no dia a dia de São Paulo.

Na ocasião em que estive lá, meu objetivo era ver a apresentação do Genesis Archives, que fez um espetáculo sensacional e gratuito, na frente do prédio da FIESP. No entanto naquele dia tive a sorte de encontrar também outras coisas interessantes, descobri o Stringbreaker and The Stuffbreakers, um trio de músicos impressionantes que leva um rock setentista nas calçadas da avenida, onde vendem seus materiais (cds, camisetas, etc).


Eu estava focado em ver o Genesis, por esse motivo não consegui assistir toda à apresentação dos caras, mas depois e

u voltei em outros dias e pude conhecer melhor o trabalho deles (inclusive você lê sobre eles e o Genesis aqui no blog). Percebi que aquele passeio poderia ter me rendido ainda outras excelentes descobertas se eu estivesse em busca, pois é muito diversa e curiosa a fauna cultural que se prolifera por ali aos domingos, principalmente.


Prova disso foi o que vivi no último dia 10 de junho, quando passei algumas horas perambulando pela Paulista, em meio a todo tipo de coisas e pessoas na mesma vibe. Estava implícito que todas aquelas pessoas estava ali para curtir um dia de paz e alegria.


Gente pra todo o lado. Cachorros, bicicletas, skates, patins e carrinhos de bebês, dos mais simples aos duplex (como a gente vê gêmeos hoje em dia!). Muita gente bonita e feliz, todos envolvidos com alguma coisa diferente. De exposições exóticas, artesanatos, serviços como massagens em plena calçada, grupos de dança dos mais variados, bazares de roupas e acessórios, discos de vinil, quadros personalizados e uma infinidade de coisas que a gente não vê nos dias normais da correria caótica. Mas tudo isso é só parte da grande diversidade cultural que encontramos por lá. E a música que é nosso foco, se apresenta de forma impressionante e com qualidade incomum nesses dias de estilos duvidosos que dominam principalmente as mídias, pra não dizer nossa rotina em todos os lugares.


A questão é que os artistas independentes fazem da avenida seu palco de apresentações gratuitas, em diversos pontos. A gente fica procurando de onde vem esse ou aquele som e quando vai atrás se surpreende na maioria das

vezes encontrando verdadeiras pérolas! Os artistas marcam seus territórios nas imensas calçadas e não se fazem de rogados em exibir sua arte. As pessoas vão passando e se aglomerando, sequestradas pela expressão sincera e espontânea que a maioria deles faz questão de dividir. Não há conflitos nem confusões, o clima é de paz e equilíbrio, com as apresentações distantes umas das outras na medida certa para não haver confusão nem interferência. Fica até meio difícil ver apenas uma atração, pois tudo é interessante, por isso vale a pena mais de uma visita aos domingos para ver os detalhes de cada coisa. Me surpreendi inicialmente com o Uncle Bronson, um trio de Blues que descaradamente desfila clássicos em alto e bom som, numa pegada forte, que acaba atraindo os fãs do estilo e outras pessoas, grudando nas mentes e empolgando os corações selvagens.


Todas as bandas e artistas solo que se apresentam por ali o fazem gratuitamente. Alguns colocam seus materiais à venda, outros recolhem contribuições espontâneas, mas nada é obrigatório. Vale a disseminação da arte e o  plantio de sementes de cultura que se encontram cada vez mais raras em meio à selva de informação (boa parte dispensável, pra não dizer inútil) que nos bombardeia diariamente em todos os lugares.


E continuando minha busca me deparei com um grupo imenso de pessoas animadas, de todas as idades, onde um instrutor de Samba Rock colocava todo mundo pra se mexer, num ritmo contagiante.


Mais a frente notei numa esquina do outro lado, um grupo imenso de chineses e chinesas, animados com um Karaokê ao ar livre. Alguns se apresentavam cantando músicas de sua cultura numa empolgação emocionante e sem pudor. Amplamente apoiados pela galera animada. Não era Rock, nem nada parecido, mas a emoção era a mesma. Fiquei magnetizado com aquilo, mesmo sem entender uma palavra. Quando o cantor concluía sua canção era ovacionado pelo pessoal, que corria até ele e lhe entregava rosas vermelhas. Impossível não se contagiar com aquele povo. E não é que alguns tinham mesmo uma voz linda e potente? Eu arrisquei conversar com algumas chinesinhas, mas logo percebi que não falavam português. Mas aí apelei para o inglês e consegui descobrir que era um grande grupo de amigos que se reunia ali para cantar suas canções preferidas e ainda aceitava pessoas que iam passando e tinham a coragem de tentar. Muita cultura pop chinesa e muita emoção, até mesmo de gente que não tinha nada a ver com aquilo, mas que se identificava com tanta paixão e até mesmo talento da grande maioria. Vi diversas brasileiras saírem daquela esquina com lágrimas nos olhos… Interessante o poder da música, mesmo sem entender aquele idioma, a coisa falava com a gente!


Depois me deparei com alguns músicos solos, um no violão exibindo timidamente seu virtuosismo e velocidade, angariando certo número de pessoas ao seu redor e outro, um guitarrista, improvisando riffs e solos com maestria singela.


Mais a frente na avenida, já próximo ao prédio da Gazeta, cheguei a tempo de ver as últimas músicas de um grupo de Soul, o Soul Station, que finalizava sua apresentação na maior energia, com Lulu Santos e As Frenéticas, numa vibe muito legal. Um sem teto feliz da vida dava a impressão de ter dançado com eles o espetáculo inteiro, pois o cara estava na maior empolgação, chamando a atenção de todo mundo com seus movimentos corporais.


Do outro lado da avenida, mais para trás, em direção ao prédio da FIESP (onde inclusive estava tendo um festival de artistas japoneses, que reuniu uma verdadeira multidão, na sua maioria de asiáticos) um grupo enorme de pessoas fazia rodas e dançava muito, crescendo com quem se aproximava e caia na dança. Era o Yalla Shabab, um grupo de dança folclórica contagiante, todos organizados com camisetas do evento. Esse povo dançava ao som da música do Oriente e capturava quem passava, numa animação sem precedentes.


Depois fui sequestrado por exposições ciganas e apresentações de ilusionismo. Alguns artistas tiravam fotos com as pessoas, caracterizados de acordo, lembrando personagens famosos dos mundos de fantasia, como o Chapeleiro Louco, entre outros. E claro, havia palhaços também… Apesar de eu te los evitado, estavam por diversos pontos…



Uma tarde maravilhosa em que minha atenção era sempre solicitada por algum som ou imagem. E foi desse jeito que cheguei até o Leprechaun. Uma banda enorme, onde uma verdadeira multidão de gente se aglomerava. Até onde soube, essa banda já tem por hábito tocar sempre por ali, o que criou muitos fãs. Vendem a ótimos preços seus três CDs, os quais não tive dúvida em trazer comigo. A música dessa trupe é um tipo de música country com rock, lembrando soms da Irlanda, músicas de cowboy, entre outras coisas. Fantástico, empolgante e sensacional! Um som cheio de energia e velocidade, com banjo, violino, violão, baixo, bateria e uma cantora adorável, com uma voz muito legal.


Essa mocinha tem uma atitude que me lembrou uma cantora holandesa, Anneke VanGiersbergen, ex vocalista do mítico The Gathering. Não pela voz, mas pela atitude e afinação. Ela canta lindamente e tem uma presença de palco que não se valoriza apenas por sua beleza, mas também pelo sentimento que ela coloca no trabalho com a banda. E isso ficou ainda mais evidente quando cheguei em casa e fui ouvir os CDs. Simplesmente um trabalho perfeito, criativo e carismático, aquelas coisas que grudam na gente e não saem fácil. Depois descobri que o nome dela é Fabiana Santos e a gente ainda vai falar mais coisas deles por aqui, pois música desse nível merece e deve ser divulgada! O cara do violino também foi um show a parte! Sua animação e doideira chegou a me lembrar das poses e danças do fantástico Ian Anderson, do Jethro Tull, apesar de nada ali se tratar de flauta.



E minha tarde de sonhos na Paulista acabou sem eu poder descobrir mais nada, pois precisei ir embora, mas sai satisfeito com tudo que vi e curti.  Vale destacar que essa diversidade cultural vale ouro, pois nem sempre temos a oportunidade de ver coisas assim em nossas vidas corridas. Deveria mesmo haver mais iniciativas em lugares públicos, mais shows, mais cultura, mais teatro! A população só tem a ganhar com ocasiões como essa. Pra mim foram momentos de puro contentamento e alegria que pretendo repetir muito em breve.


Contatos das bandas citadas:






Marcos Falcão.

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