80 Graus again!
- Roadrock Blog
- 9 de abr. de 2019
- 5 min de leitura
(Originalmente publicada em 29 de maio de 2018)
05 de maio de 2018.
Novamente em um dos pontos onde o rock e outros estilos de igual valor tem marcado presença forte na rua Treze de Maio, o Café The Wall, tive a grande alegria de rever o 80 Graus, banda onde figuram artistas de grande talento e de dedicação, nos levando não menos do que o melhor da música dos anos oitenta, com maestria, versatilidade, talento e carisma.
Nesta oportunidade pude levar minha esposa Kátia Falcão e algumas amigas queridas, Osenir dos Santos e Marta Silva, que estavam muito curiosas em conferir o show. E foi uma surpresa também encontrar por lá velhos amigos dos tempos de faculdade, Josiane Albatrim e seu marido João Abatrom. Pudemos trocar muitas figurinhas e acertar futuros passeios pelos circuitos da música, pois eles como nós, se mostraram verdadeiros entusiastas das noites de São Paulo. Também conheci algumas amigas novas, a Cláudia Vezzani e a Érica Nunes que estavam acompanhando a Josiane. Ambos exemplos de delicadeza e carisma. Foi realmente uma noite de ótimas surpresas.
Minha querida Regina Migliore fez questão de conhecer minha esposa e meus amigos, sempre bela, distribuindo sorrisos e simpatia por onde passava. O show prometia ser no mínimo tão bom quanto o outro (leia sobre isso aqui no blog) e estava previsto para começar por volta da meia noite.
Os outros músicos, sempre muito positivos e animados, chegaram e tomaram o palco, preparando se para nos brindar com seu repertório cheio de nostalgia. Abriram a noite com We don’t need Another Hero da inesquecível Tina Turner, que a Regina interpreta com a maior naturalidade. Aliás Alexandre Soares (bateria e vocal), Alexandre Lorenzetti (baixo), Jorge Luís Mussolin (vocal) e Horácio Rosário (guitarra, vocal e teclado) também não deixam por menos e capricham nas instrumentações e presenças de palco, rapidamente ganhando toda a atenção da galera, que já logo de cara começava a se aproximar para dançar, afinal a noite estava só começando e viria ainda um desfile de clássicos que fizeram parte da vida da maioria das pessoas presentes ali.
Dentre inúmeros sons, muitos que já haviam sido executados na apresentação passada, Radio Gaga do Queen deu um ar de FM antiga e me transportou para muito tempo atrás, quando na infância ficava ouvindo rádio com meu irmão mais velho e sempre tocava diversos sons como aquele, principalmente essa.
Com o Muça soltando a voz numa qualidade impecável e com toda aquela presença de palco distinta que o cara tem, o bar inteiro cantou essa música junto com eles, foi sensacional. Poderia até ter mais canções do Queen no repertório. Só valorizaria ainda mais o show. Afinal os caras são símbolos do rock oitentista, unanimidade em toda parte.

Legal foi ver o baixista Alexandre Lorenzetti dando sua contribuição nos vocais. E não é que o cara canta pra caramba? Da última vez não tivemos esse presente, agradou de imediato! Head over Heels do Tears for Fears foi mais dos momentos do nosso emblemático vocalista, que cantou ainda melhor, acompanhado por sua banda, onde todos cantam, cada um com grande talento, maestria e timbres diferentes, valorizando por demais a massa sonora de qualidade que produzem no palco. É impressionante ver como são entrosados, uma banda que te pega pelo pescoço e só solta quando vai embora. Impossível não se apaixonar por tanto carisma, talento e intensidade. São músicos que se envolvem de corpo e alma no que fazem, não deixando nenhuma ponta solta. Inclusive quando acabou essa música desta vez já encaixaram Alive and Kicking, do Simple Minds e mantiveram todo mundo com o a atenção presa neles, sem pausa para respirar. Incrível é pouco para classificar aqueles momentos! Eu e a Kátia ficamos loucos, assim como o bar inteiro.

O Horácio Rosário mais uma vez nos brindou com sua maestria em segurar muito bem a onda cantando, além de tocar guitarra e teclado. O cara é sensacional e fica melhor a cada apresentação. E nessa música ficou ainda mais evidente o baixo marcado e contagiante de Alexandre Lorenzetti, Que dá ainda mais vida nos arranjos impecáveis da banda. O cara é um fenômeno, chegando a me lembrar, apesar de ser de outro estilo, o saudoso Chris Squire, falecido baixista do Yes, o qual eu admirava muito.

Inclusive, falando em baixo, A new Years Day do U2 foi outro momento que merece destaque. Onde o piano duela com o baixo e bateria para introduzir uma música lendária, que ao lado de outros sucessos que ficaram na história, fez do U2 uma das mais relevantes bandas dos anos oitenta que até hoje é cultuada por uma legião de fãs pelo mundo todo. Aqui a gente nota como o 80 Graus é uma banda que se sustenta muito bem em qualquer situação. Com os vocais divididos entre o Muça e o Horácio, não posso dizer que a Regina não fez falta, pois ela é magnífica mesmo sem abrir a boca, mas os caras seguram a onda muito bem, mostrando para todos a grande capacidade e versatilidade dos membros da banda. Aqui sempre vence o talento e a música, em qualquer situação.
Destaque inesperado para mim foi Cities in Dust, da inusitada banda Siouxie & The Banshees, com Regina Migliore arrasando, interpretando uma Siouxie que mesmo sem a extravagante maquiagem e visual dark conquistou todo mundo no bar. Especialmente a mim, que adoro muitos dos momentos da banda original, desde seus tempos mais “punk” até o final da carreira deles, quando a Siouxie invadiu as rádios em 1991 com, Kiss them for me e Shadowtime, últimos sucessos a serem difundidos pelo mundo antes do final da banda. Aqui o 80 Graus conseguiu nos trazer o clima daqueles tempos de vídeo clipes nos programas da TV Gazeta e Cultura.
Tivemos ainda muitos momentos como Girls Just Want to Have Fun da Cindy Lauper, onde a Regina mais uma vez nos faz querer que ela monte uma banda cover da artista, pois a menina solta os bichos com temas da cantora. Billie Jean do Michael Jackson também valoriza muito a apresentação dos caras e empolga todo mundo, assim como Like a Virgin, da Madonna. Também nessa apresentação as canções nacionais não poderiam ficar de fora e Flagra da Rita Lee foi executada com muita competência, do mesmo modo que No Balanço das Horas, da banda Metrô, que acabou levando o público a loucura, todo mundo cantando e dançando com a Regina. Interessante perceber como a menina se diverte cantando essa música, o que valoriza ainda mais a apresentação e contagia todo mundo. Simplesmente espetacular. Não posso deixar de mencionar Você não Soube me Amar da Blitz, onde o Muça divide os vocais com a Regina, nos proporcionando momentos de um tempo onde a Blitz era difundida à exaustão.
Uma banda excelente, um ambiente muito bom e confortável, com gente bem-humorada e funcionários atenciosos que se divertem junto com a galera. Com certeza uma noite com 80 Graus, principalmente ali, é algo inesquecível e marcante a ponto de a gente querer repetir o mais depressa possível.
E ao final do show pudemos conversar com todos os músicos e aproveitar de sua simpatia e amizade. Foi interessante saber que o Horácio também curte Rock Progressivo, pois citou minha camiseta do Marillion e pudemos trocar ideias sobre outros artistas. Inclusive estou aguardando ele me indicar um cantor que faz Phil Collins e que ele me disse ser sensacional. Pela segunda vez na minha vida, pude participar dessa grande celebração de um tempo em que éramos felizes musicalmente e as pessoas valorizavam coisas boas, pois elas faziam parte de nosso cotidiano, bem diferente de hoje em dia.
Desta vez pude levar outras pessoas que saíram do Café The Wall muito satisfeitas e dispostas a voltar em outro momento, pois o 80 Graus é uma coisa que quando te pega, faz você querer sempre mais.
Mal posso esperar por outra oportunidade!
Valeu, 80 Graus!
Marcos Falcão.
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