80 Graus
- Roadrock Blog
- 9 de abr. de 2019
- 5 min de leitura
(Originalmente publicada em 31 de março de 2018)
Café The Wall, 24 de março de 2018.
Já faz alguns anos que proliferam pela cidade de São Paulo inúmeras festas com o tema ‘’anos 80’’. Inclusive diversos artistas nacionais voltaram a cena. Bandas de Rock, como Camisa de Vênus, Titãs e Paralamas do Sucesso ainda estão na ativa, fazendo shows aqui e ali e até mesmo, lançando material novo. Nessa pegada ainda tivemos Kid Vinil, que infelizmente nos deixou há pouco tempo,e diversos artistas retornando aos palcos, como foi o caso do Roupa Nova, Blitz, entre outros.
No cenário internacional, recebemos nos últimos anos as visitas de Cindy Lauper, A-há, Tears for Fears, Echo & The Bunnymen, The Cult, Rod Stewart, etc… recentemente tivemos Phil Collins, Pretenders e Depeche Mode. E o New Model Army está vindo por aí.
Com tudo isso concluímos que os anos 80 nunca estiveram tão vivos. No passado era muito mais difícil vir uma banda pra cá. Também não existiam os recursos que existem hoje. Tudo era muito precário. Com relação a música, o rádio era nossa maior fonte de informação, visto que a TV trazia o mínimo de conteúdo desse tipo e não havia internet ou computadores. Essa busca pelo passado que acontece hoje se dá justamente pela diferença musical que prolifera nesses tempos modernos, fato que acaba não satisfazendo os mais velhos e as pessoas que buscam mais trabalho, mais qualidade e musicalidade. Certas faixas etárias sentem a necessidade de reviver coisas que marcaram suas vidas, curtir artistas amados que hoje já não existem mais. Daí essa nostalgia que acaba chegando às novas gerações e agradando muitos deles também.
Por causa disso e de muito mais, as festas com temáticas retrô se multiplicam e se tornam uma espécie de moda. E junto com a música vêm os costumes. Quadrinhos, discos de vinil, roupas coloridas, videogames antigos, cinema, tudo voltou a ser cultuado e acabou sendo classificado por muitos como cultura pop anos 80. E foi por esse caminho que surgiram bandas inspiradíssimas, como é o caso do incrível 80 graus. Todo o repertório deles é baseado nessa época, tanto internacional quanto nacional. São uma viajem no tempo, interpretando de clássicos do cinema a sucessos como Madonna e Michael Jackson. E a fórmula funciona muito bem. Seu público é formado por pessoas de todas as idades, amantes da música, que adoram tudo que a banda tem a oferecer. Também pudera, além da excelente seleção musical, o grupo esbanja simpatia, beleza e talento muito acima da média, criando um clima descontraído, fazendo todos serem também parte do espetáculo.
Regina Magliore (vocal), Alexandre Soares (bateria e vocal), Alexandre Lorenzetti (baixo), Jorge Luís Mussolin (vocal) e Horácio Rosário (guitarra, vocal e teclado) espalham se pelo palco e dominam o ambiente com competência, segurança e muito bom humor.

Neste sábado, 23 de março, o 80 graus dominou o Café The Wall com um espetáculo de mais de duas horas, levando à exaustão uma galera divertida que lotou o bar com muita simpatia e empolgação. Subiram ao palco quase todos, pouco antes da meia noite e nossa querida Regina Magliore juntou se a eles por último, esbanjando alegria, beleza e talento. Time after Time (Cindy Lauper) deu início ao que seria uma noite de sonhos, com a loira encantadora arrasando nos vocais. Bonito de ver a naturalidade com que a garota consegue encarar uma artista desse naipe com toda maestria que lhe é característica.
Em seguida Kiss (Prince) colocou o bar aos pés da banda, fazendo todo mundo dançar, empolgando logo de cara e afirmando nas entrelinhas que, apesar do iniciou fantástico, mas romântico, a noite iria seguir mesmo e uma trilha incendiária de no mínimo 80 graus… E tudo com muita alegria e disposição, deixando as pessoas bem à vontade e seguras de que cada canção seria interpretada com amor e dedicação.

Veio um set de clássicos do cinema, revivendo bons momentos com velhas emoções com I’ve had the Time of My Life (Bill Medley e Jennifer Warnes, do filme Dirty Dancing), The Power of Love (Huey Lewis andThe News, do filme De volta para o futuro) e Maniac (Michael Sembello, do filme Flashdance). Todas impecáveis, interpretadas com muita empolgação e energia, principalmente da Regina, que não parou de dançar nem um minuto, realmente curtindo aquilo que estava fazendo, dominando o público de ponta a ponta.
A versatilidade de Horácio Rosário e sua instrumentação estratégica foi um show à parte. O cara alternava entre canto, guitarra e teclado sem baixar a bola. Muito talento e habilidade, combinação perfeita com todo o trabalho da banda. Vale destacar a cozinha essencial e muito bem entrosada da dupla de Alexandres na bateria e baixo. Os caras provaram que Alexandre ao quadrado é uma potência realmente muito forte.
Uma das surpresas da noite foi Just a Gigolo (David Lee Roth), vedete do programa Realce na TV Gazeta que logo veio a se chamar Clip Trip, a música empolgou de imediato com o vocalista Muça (como ele prefere ser chamado) arriscando uns passinhos de dança, que valorizaram por demais sua impecável performance. O cara cantou tão bem que David Lee Roth ficaria com inveja.

A noite seguiu com diversos clássicos, um melhor que o outro. Billie Jean (Michael Jackson), Like a Virgin(Madonna) e Girls Just Want to Have Fun (Cindy Lauper) vieram na sequência e em perfeito estado, fazendo o bar inteiro dançar. Ao menos os que conseguiam se livrar do encanto que a Regina exercia intensamente com sua interpretação maravilhosa. Era muito fácil se perder em tanta beleza e empolgação.
Momentos de destaque que valorizaram ainda mais a apresentação foram as participações especiais. Fábio Cirello, da banda Rock Memory subiu ao palco e com toda sua energia e talento cantou Easy Lover (PhilCollins) num dueto poderoso com o Horácio. Depois tivemos o carismático Rics Carvalho, do Echoes PinkFloyd São Paulo, cantando junto com a Regina Alive and Kicking (Simple Minds) e Let’s Dance (David Bowie), mostrando a todos seus grandes talentos vocais.
Ainda tivemos a participação poderosa de Wallace Van Loon, simpático baterista e dono do Café The Wall, que com sua pegada poderosa tocou com a banda She sells Sanctuary (The Cult), talvez um dos momentos mais rock da noite, eletrizando o público sem dó nem piedade. Destaque para a guitarra poderosa do Horácio que não fez feio, mostrando que o cara também tem o Rock nas veias. Fiquei imaginando como seria legal um especial dessa banda só tocando The Cult.

E a impressionante noite terminou com um set de clássicos do Rock Nacional, como não poderia deixar de ser. Me Chama(Lobão) com o baterista Alexandre Soares cantando, Marvin (Titãs), Tudo pode Mudar (Metrô) e Tempo Perdido (Legião Urbana) fecharam com chave de ouro a fantástica viajem no tempo que garantiu a todos as melhores lembranças de um passado que se foi, sem nunca ter ido.
De volta ao nosso século, cansados, porém satisfeitos, fomos recebidos calorosamente pela banda fora do palco, que nos informou sobre os próximos shows, deixando todos ansiosos para viver aquela experiência novamente. Com toda a certeza, um espetáculo inesquecível com músicos adoráveis e talentosos, que não se fazem de rogados em mostrar para todo mundo que gostam do que estão fazendo e o fazem muito bem!
Marcos Falcão.
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