Sisters of MercyTokio Marine Hall – São Paulo – 26/09/25
- Roadrock Blog

- 27 de set.
- 3 min de leitura

O cenário gótico pode parecer diferente do resto do que se classifica dentro de um contexto voltado ao Rock e Metal, mas na verdade é praticamente a mesma coisa, exceto pelo diferencial musical e toques poéticos um tanto quanto teatrais. Há alguns exageros nos visuais das roupas e sentimentos um tanto quanto depressivos, mas nada que faça alguém como eu, que sempre conviveu nos meios mais metálicos, se sentir deslocado.
E nesta sexta feira, dia 26 de setembro, pude comprovar isso de perto no Tokio Marine Hall, antigo Tom Brasil, que em seu aniversário de 30 anos recebeu o ícone da cultura gótica no mundo, a banda Sisters of Mercy, com produção impecável da Top Link Music, também aniversariante, comemorando seus 35 anos.
Para abrir o espetáculo, a banda brasileira 3 Pipe Problem entrou no palco exatamente as 20:50h como previamente anunciado, nos trazendo um pouco de seu Rock Clássico com alguns toques de modernidade, remetendo também á The Cult, o próprio Sisters, The Mission, entre outras claras influências que saltaram aos ouvidos ao longo de sua breve e competente apresentação. Teve até um cover muito bem executado de Save a Prayer do Duran Duran

Mas claro que foi só pra esquentar a galera mesmo, pois o público veio pra prestigiar o Sisters of Mercy mais uma vez no Brasil, oitavo país onde os caras mais se apresentaram em 45 anos de existência. E segundo as palavras do próprio membro fundador, o guitarrista Ben Christo, somos um público fiel.
Na plateia grupos de todas as idades. Várias gerações de fãs presentes e atentos a tudo. Um público comportado, visualmente exuberante e aparentemente certos de seu amor a um trabalho, que apesar de ter não ter lançado mais nada de novo desde 1990, mantém sua essência e qualidade.
Andrew Eldritch (vocal) e Ben Christo (guitarra) desta vez vieram com Chris Catalyst (responsável pelo Dr. Avalanche e todos os eletrônicos) e Kai(guitarra), este último um britânico japonês que agora no lugar do

guitarrista Dylan Smith.
A banda entrou no palco também pontualmente as 22h e já chegou quebrando tudo com feixes de luz que os delineavam como sobras, mudando constantemente de cor, fazendo da escuridão um lugar aconchegante e misterioso, clima que se seguiu faixa após faixa, com fãs filmando quase tudo o tempo inteiro.
Sensacional a performance da banda no palco. Enquanto Chris Catalyst permanecia quase imóvel como um robô futurista atrás de seus equipamentos, Andrew Eldritch soltava sua voz suturna e apresentava movimentos que mais se pareciam do próprio Nosferatu, se movendo freneticamente, hipnotizando os fãs o tempo inteiro.

Os guitarristas por sua vez promoviam um show a parte, extremamente sincronizados e com coreografias impressionantes que tomavam todo o palco. Sombras performáticas projetadas numa parede alucinante que mudava de cor, tudo sempre preenchido por muitas nuvens de fumaça. De fato, um espetáculo que mais se parecia com um filme de terror, um balé das trevas do qual nenhum de nós queria ver o fim. Confesso que filmes como Um Drink no Inferno, Drácula, Garotos Perdidos, entre outros, vieram à minha memória.

Produção impressionante, som de primeira qualidade, envolvente, pesado e viciante. De Don’t Drive on Ice, Crush and Burn, passano por More, Mariah e muitas outras, todas conhecidas do públicos na ponta da língua, até Temple of Love, a decima oitava música, não houve pausa. Sem tempo pra pensar, sem tempo pra respirar. E quando esse tempo chegou, a treva seria total, não fosse pelas poucas fontes de luz presentes.

Voltaram então com seus feixes e sombras alucinógenas e executaram mais três, encerrando com This Corrosion, quase sem despedidas, tão depressa quanto começaram.
Um show impressionante, uma experiência única e atemporal. O Sisters of Mercy mais uma vez fez sua parte, sem mostrar desgaste algum pelo tempo, como sempre trazendo um som que nunca envelhece e continua influenciando gerações. A única dúvida que ficou foi o motivo da ausência do hit Walk Away, única canção que sentimos falta.
Uma noite inesquecível que deixou aquele gostinho de “em breve nos veremos de novo”, o que pode bem acontecer, pois nem faz tanto tempo assim que eles estiveram por aqui. Quem sabe ano quem vem voltam com toda essa magia?
É o que todos esperamos, vamos ver.
Set da noite:
01 Don’t Drive on Ice
02 Crash and Burn
03 ribbons
04 Dr. Jeep/Detonation Bullevard
05 More
06 I will call you
07 Alice
08 Dominium/Mother Russia
09 Summer
10 Giving Ground (Cover The Sisterhood)
11 Mariah
12 But Genevieve
13 Eyes of Caligula
14 Here
15 Quantum baby
16 On the Beach
17 When I’m on Fire
18 Temple of Love
Bis:
19 Never Land (A fragment)
20 Lucretia My Reflection
21 This Corrosion
Marcos Falcão




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