Sisters of Mercy

O início

A banda inglesa que veio a ser considerada a origem do Movimento Gótico, (chamado de Dark no Brasil durante os anos oitenta), chamada Sisters of Mercy foi fundada na cidade de Leads em 1980. Com sua mistura de eletrônicos e vozes sombrias, a banda logo se consolidou como revelação, espalhando sua influência muito rápido.

Ao contrário do que pôde parecer em um primeiro momento, Sisters of Mercy nada tinha de ver com qualquer sentido religioso. O título veio do nome de um poema de Leonard Cohen, que remeteu diretamente à cultura poética do Movimento Gótico.

O vocalista Andrew Eldritch, único membro constante na formação da banda, é dono de uma voz marcante e que veio a ser constantemente imitada por muitos artistas que vieram depois. Também possui uma personalidade enigmática e sempre se mostrou como principal força motora e de mudanças em sua banda, até os dias de hoje. Ele inclusive é autor da maior parte das músicas, não segue tendências e nem se mostra disposto a compartilhar suas ideias. Por causa dessa inflexibilidade, músicos como os guitarristas Gary Marx e Wayne Hussey deixaram a banda e formaram o The Misson, outro grande sucesso do estilo.

Apesar da instabilidade na formação, o Sisters of Mercy seguiu com grande sucesso nos anos oitenta. Seus álbuns se tornaram lendários de 1985 a 1990 com clássicos até hoje cultuados pelas legiões de fãs. A bateria eletrônica do grupo fez toda a diferença, principalmente numa época em que isso não era tão usual. “Doctor Avalanche”, como ela passou a ser chamada, imprimiu todo o ritmo e a sombra necessária para manter a banda até hoje no interior da nuvem gótica, conquistando cada vez mais fãs, inclusive sendo tratada como membro da banda, uma entidade real, frequentemente mencionada em entrevistas.

The Sisters of Mercy

Legado e silêncio

Após Vision Thing de 1990 a banda parou de gravar. Eldritch teve muitos problemas jurídicos e se frustrou com a indústria da música e o capitalismo e em função do comprometimento de sua visão artística ficou por muitos anos sem lançar nada de novo. Os shows continuaram esporadicamente, mas sem nada inédito.

Mesmo com poucos trabalhos, o Sisters of Mercy deixou sua marca na história do Rock Gótico e sua profunda influência segue até hoje, com inúmeras bandas pelo mundo todo bebendo em suas fontes. Não é à toa que são considerados os pais do estilo.

Álbuns

First, Last and Always 1985

Foi um álbum que definiu o gótico nos anos 80. Sua atmosfera melancólica se mescla a uma melodia sombria numa alquimia contagiante que remete a escuridão poética característica marcante no Rock Gótico.

Andrew Eldritch, Gary Marx e Wayne Hussey, trio que neste momento era o Sisters of Mercy, foram capazes de criar um clima sombrio que se tornou uma das maiores características da banda desde então.

Destaques para o Walk Away, No Time to Cry e Mariah, canções que se tornaram clássicos quase que instantaneamente.

Floodland 1987

Agora sozinho no comando, Andrew Eldritch criou o que muitos consideram sua obra prima. Junto com a baixista Patrícia Morrison ele expandiu a sonoridade da banda, incorporando mais elementos orquestrados e arranjos mais complexos. Floodland é um épico com ares cinematográficos e melhor produção, superando o seu antecessor, mas ainda conservando sua alma sombria. Os destaques vão para This Corrosion, Dominion e a balada 1959, onde o lado mais melódico de Eldritch se coloca mais em evidência.

Vision Thing 1990

Com uma nova formação incluindo guitarrista Andress Bruhn, o Sisters of Mercy se reinventou. Com uma linguagem direta e mais peso, o álbum apresenta uma sonoridade metálica com toques de industrial, estilo bem evidente na época. E por causa das frustrações de Eldritch com a indústria da música, suas letras são mais agressivas e sarcásticas. Destaques para Vision Thing, More e Doctor Jeep, faixas que são pura adrenalina e embora não seja como os anteriores, trata-se de um álbum essencial para se compreender a evolução da banda.

Conclusão

A discografia do Sisters of Mercy pode ser curta, mas cada álbum foi uma contribuição ao movimento a ponto de influenciar inúmeras bandas, até mesmo de outros estilos como o Type 0 Negative, Lacrimosa, e muitas outras, mesclando seus estilos à sombra criada por Andrew Eldritch, uma prova que no mundo da música a qualidade e a integridade artística superam em muito a quantidade.  

Marcos Falcão