Pink Floyd
- Roadrock Blog
- 13 de abr. de 2019
- 5 min de leitura
Originalmente publicada em 8 de outubro de 2018)
Para mim a coisa toda começou com o Meddle de 1972. Foi nos anos 80, eu era muito jovem e estava descobrindo a música quando meu irmão me apresentou Echoes, meu primeiro contato com o Rock Progressivo. Eu nunca havia ouvido algo tão longo e tão interessante. Minha imaginação ia longe cada vez que ouvia aquela música. Isso me fez perceber que o rock era algo impressionante e despertou minha curiosidade para outras bandas de diversos tipos. Mas tudo começou mesmo com o Pink Floyd.

One of These Days me deixava alucinado. E naquele mesmo ano, sem nenhuma ordem, Dark side of the Moon cairia em minhas mãos, quase ao mesmo tempo que a chegada de nosso primeiro som 3 em um, um Phillips de 120 watts rms, algo que viria a ser uma das coisas mais importantes da minha vida por anos e anos. Eu não sabia nada sobre o famoso “disco do prisma”, não tinha ideia da história de Syd Barret, das homenagens a ele no álbum ou qualquer coisa sobre as letras de Time ou Us and Them, na verdade eu ainda nem falava inglês. Mesmo assim eu me emocionava com a beleza e sensibilidade das composições. Uma vez li que um em cada dez lares da Inglaterra tinha um disco desses e fiquei impressionado. Até os dias de hoje esse trabalho aparece como um dos melhores discos do mundo e um registro perfeito de Progressivo da melhor qualidade, mantendo se atual até os dias de hoje.

E ainda no mesmo ano minha paixão se completaria com Wish you were here, Atom Heart Mother, The Piper at the Gates of Dawn, More, A Saucerful of Secrets, Ummagumma, The Wall, The Final Cut e A Momentary Lapse of Reason, que havia acabado de sair do forno. Vivi uma febre de Floyd que até hoje ainda não passou. Fiquei bastante confuso com a história da banda, pois tudo de uma vez assim deixou o meio de campo um caos. Mas obtive ajuda através das revistas Som Três e Bizz. Também existiam fanzines que nos traziam informações sobre as bandas, mas nem todos nós tínhamos acesso a isso. Precisávamos ir até o centro de São Paulo para conseguir esses informativos e nem sempre isso era possível.


Depois que montei um quebra-cabeça já pude me considerar fã da banda, fora de tempo, mas apaixonado. Foi então que chegou lançamento de Delicate Sound of Thunder, um duplo ao vivo trazendo os registros da turnê mais recente, onde o Pink Floyd abusava do som e dos efeitos especiais, um mega espetáculo para época. Não havia Roger Waters, mas os três que sobraram, e que inclusive ganharam a briga na justiça com o baixista pelo nome, garantiram a continuidade de um som progressivo, muito bem elaborado apesar das diferenças em relação aos trabalhos onde Waters, sem dúvida alguma, era o maior diferencial.

Os fãs gostaram dessa fase apesar da crítica cair de pau, ressaltando as diferenças entre os trabalhos de antes e depois. No entanto nada impediu o sucesso do Pink Floyd, que inclusive lançou um vídeo desse álbum duplo, tendo sido divulgado resumidamente até pela TV Globo. Esse momento é cultuado pelos fãs até os dias de hoje, apesar de tudo que foi feito depois. Comprei meu Delicate Sound of Thunder nas lojas do extinto Mappin, no bairro do Itaim Bibi e me lembro de ter ficado maravilhado com as versões ao vivo de Shine on the Crazy Diamond, entre outras, algumas do Momentary Lapse of Reason.

Depois disso viria um hiato de 6 anos. Nesse tempo muita coisa chegou a minha vida, conheci inúmeras bandas de todos os gêneros do rock. Nunca deixei de ouvir Pink Floyd. Fiquei mais velho e quando tive meu primeiro emprego comprei The Division Bell, lançado em 1994. Foi minha primeira compra com cartão de crédito. Um vinil azul muito bem produzido, trazendo um Pink Floyd ainda sem Roger Waters, Mas cada vez mais marcante com a presença de David Gilmour. Esse disco, que tenho até hoje, foi sensacional e quando eu estava entrando na faculdade de matemática saiu o registro ao vivo desta turnê, o álbum duplo Pulse, já no formato CD e imediatamente chegou as minhas mãos. Este superou Delicate Sound of Thunder em qualidade de som e ainda mais nas turnês, com shows impressionantes muito bem produzidos, melhores do que os anteriores em todos so sentidos, tornando a banda uma verdadeira máquina de efeitos visuais e música. O vídeo das apresentações é espetacular, com mais de duas horas de duração sendo o show mais incrível do mundo do Rock, até hoje ocupando um lugar de destaque. No set um review de toda a carreira da banda desde os tempos de Syd Barrett. essa turnê superou tudo que a banda já havia feito desde o começo de sua carreira em termos de efeitos visuais produção e música. O CD duplo vinha numa embalagem luxuosa, contendo uma luz vermelha, alimentada por uma pilha que permanecia piscando o tempo todo. O meu piscou durante o ano inteiro. Depois era só trocar a pilha para coisa continuar. Em outros lugares do mundo este registro foi lançado em vinil quádruplo, com uma versão gigante do livro de fotos que acompanhava CD, uma edição realmente esplêndida, feita para colecionadores com dinheiro. O registro em vídeo saiu em VHS em LD, uma espécie de DVD em tamanho grande que não deu muito certo nos anos 90. Com a entrada do século 21, Pulse foi lançado em DVD duplo, numa excelente adição.

Essa turnê gerou críticas de que a música do Pink Floyd estava sendo colocado em segundo plano por causa dos efeitos visuais mas claro que isso não colou, pois os trabalho solos de David Gilmour e Roger Waters separadamente, provaram que a música sobrevive ao tempo e pode ser ilustrada de qualquer jeito que sempre vai prevalecer a qualidade e a genialidade daqueles que as criaram.
A Era Pink Floyd bem na meada dos anos 90, garantiu a perpetuação da obra para o século seguinte onde mesmo tendo lançado um fraco registro de sobras de estúdio, Endless River, o espírito do Pink Floyd ainda sobrevive. Os shows de David Gilmour e Roger Waters mantém a chama viva quase como duas versões de uma mesma banda, o que proporciona aos fãs experiências únicas e inesquecíveis. David Gilmour esteve no Brasil ano passado e encantou a todos. Roger Waters veio ao Brasil em três momentos distintos e nos trouxe três shows espetaculares. E agora estamos prestes a passar por isso novamente pois em outubro ele de volta ao Brasil, amanhã e depois aqui em São Paulo, com um show ainda mais espetacular, prometendo reviver a carreira de sua antiga banda um paralelo com seu trabalho solo, Is this the Life we really want, onde inclusive fica evidente toda sua carreira através das canções que remetem a tudo que fez em sua antiga banda.

E hoje, aos 45 anos, casado pela segunda vez, com duas faculdades e três filhas, ainda me emociono com o som do Pink Floyd…
Tenho a sorte de ver excelentes tributos e covers tais como Ummagumma, Atom, Pink Floyd Dream e Echoes, que conseguem nos trazer boa parte da magia de um Pink Floyd o qual nunca conseguimos assistir na sua integridade. A viagem nunca termina e amanhã estarei com minha esposa prestigiando mais uma vez no show do Roger Waters.
Claro que todo fã quer uma volta da banda original, mesmo sem termos neste mundo nosso querido Rick Wright, tecladista que infelizmente já se foi. Mas eu me considero satisfeito por já termos o que temos. Nossos “floydianos” remanescentes mantenha o Pink Floyd vivo através das décadas, inspirando inúmeros fãs de bom gosto pelo mundo todo.
Dê uma olhada nos links abaixo e tire suas próprias conclusões sobre este incrível fenômeno da música progressiva no mundo:
https://youtu.be/egmYqdh4Akg?list=PL27542A4CF44171F6
https://youtu.be/VyLY8YDWzrQ?list=PLrJ6b7vTnAPaBoscn3139zw_FICNMqddB
Marcos Falcão.
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