Na toca do dragão: Walfenda Medieval
- Roadrock Blog
- 8 de abr. de 2019
- 5 min de leitura
(originalmente publicada em 23 de fevereiro de 2018)
Tão importante quanto os shows que acontecem no mundo do rock, das mais variadas vertentes, são os lugares onde essas apresentações ganham forma. Sim, porque é preciso todo um contexto no mínimo adequado para que aconteça um evento como esse. Quando os locais não oferecem o contexto adequado, as apresentações, por melhores que sejam as bandas, sofrem um grande prejuízo, por isso é tão importante onde e como vão acontecer as coisas. E isso se reflete também nos outros estilos musicais. Quem quer uma boa apresentação musical, também quer estar em um lugar confortável, seguro e aconchegante, mesmo que seja para ficar em pé. Por isso faremos aqui no Roadrock uma série de matérias voltadas aos lugares onde as bandas se apresentam.
E abrindo a série, vamos falar de um restaurante medieval, onde a banda Oaklore regularmente dá o ar de sua graça. Esta banda, apesar de ser voltado às instrumentações medievais, se identifica com o rock nas versões que fazem de diversos artistas, como Blind Guardian, Deep Purple e Uriah Heep, entre outros. Você já leu sobre eles aqui no blog (se não leu, veja a entrevista feita com eles e a resenha do show da Feira Mística). Agora, você vai conhecer um pouco mais de um dos lugares mais legais onde o grupo se apresenta, o Walfenda Medieval Firewood Steak.
E claro, muito em breve, a resenha do último espetáculo do Oaklore, que aconteceu neste sábado, dia 17 de fevereiro. Mas isso será uma outra história.
A expectativa de viagem no tempo é sempre uma constante se tratando de uma apresentação de músicos medievais, principalmente do Oaklore. Mas quando se trata de algo acontecendo no Walfenda Medieval Firewood Steak a coisa fica séria. Bem no coração da Lapa, no número 25 da Rua Tito, em frente ao Senac, localiza-se a bela fachada de castelinho, toda feita em tijolos, primeiro e imponente contato dos transeuntes e amantes do período do tempo caracterizado pelo nome do lugar. Logo quando se entra a gente já se impressiona com o incrível visual da cozinha e das churrasqueiras em pleno funcionamento. Os cozinheiros, caracterizados adequadamente, nos saúdam com sorrisos cheios de simpatia e muita empolgação, assim como os garçons e garçonetes. A decoração é toda em madeira envelhecida e tijolos vermelhos, bem rústicos como deveria ser, mas impecavelmente bem trabalhados. Tudo muito bem pensado para proporcionar aos visitantes a melhor estadia nas linhas do tempo antigo possível. Bruxas nos recepcionam amigavelmente e explicam sobre as temáticas presentes no local.


Principalmente sobre os atributos alquímicos. Uma parede enorme com frascos, livros e armários se estende ao longo do andar térreo, majestosamente decorada e bem-acabada. Até mesmo uma pequena gárgula de pedra ostenta sua presença num dos diversos nichos, amparada por tomos cheios de mistérios… O ar de estar no laboratório de Merlin é inevitável e constante. Até mesmo pelos lustres de ferro e teias de aranha (artificiais) que se estendem por diversos locais. Sobre a cozinha esplendorosa, um dragão verde se agarra a um dos maiores lustres da casa, de onde vigia tudo que acontece nos dois andares. A iluminação imita os tons de velas, mas não nos deixa totalmente no escuro, sendo suficiente para o bom aproveitamento da viagem.


Muito rápido fica evidente que neste lugar o cuidado com os detalhes foi fundamental. Simplesmente não se encontra defeito algum, tudo bem arranjado, cada coisa no seu lugar. Garçons e funcionários caraterizados de acordo são cheios de atenção e informação, nos deixando totalmente à vontade. Em questão de minutos nos sentimos bem acolhidos e confortáveis, tamanha a amabilidade de todos. A temática medieval não se restringe apenas ao visual e decoração. Também a culinária, baseada em carnes grelhadas, frutas e pães artesanais, além de temperos com ervas aromáticas, nos leva de volta aos melhores sabores e cores do tempo antigo no melhor estilo. Tudo é servido de forma artesanal, as carnes vêm em tábuas envelhecidas e os pratos são de pedra escura, pesados e estilosos dentro do que se apresentam. Uma viagem que se torna mais real a cada minuto, em pleno século XXI.

E as bebidas… São outro ponto forte nesse contexto todo. A razão pela qual o lugar vem sendo conhecido como restaurante alquímico. Drinks e cervejas artesanais muito bem pensados e deliciosos ficam lado a lado com bebidas normais, que englobam de tudo que se pode encontrar em qualquer lugar. Um detalhe muito interessante e diferencial magnífico do cardápio é o drink Fogo do Dragão, que o Neto, um dos garçons mais bem informados da casa, nos contou como funciona:
Trata-se de um drink que temos na casa que vem flambado, pegando fogo mesmo, composto por Brandy, que é um destilado de conhaque, absinto 54% alcóolico, um teor alto, mas entre o mais baixo considerado para essa bebida e um licor de maçã. Ele é servido numa taça do dragão, com um cálice no meio. Para tomar isso você tem que vestir uma capa, temos diversas delas para disponibilizar aos clientes. Tem noites que elas são até insuficientes, tamanho o sucesso que o drink tem feito entre as pessoas. Também é preciso assinar um termo de responsabilidade para consumir o “elixir”.
Dá para acreditar? A casa leva muito a sério sua temática. Cardápios envelhecidos e artisticamente bem elaborados dividem as atenções com as recentes cartas de Artena e Montemor. Uma grande sacada do lugar, contextualizando com a novela medieval Deus Salve o Rei.

Angelita Gonzaga, a adorável dona do lugar, recebe todos os clientes com muito carinho, atenção e profissionalismo acima da média. Ela até mesmo ajuda a servir as mesas com muita atenção e bom humor, demonstrando a todos que manter um negócio como esse é também uma questão de amor.
Uma escadaria de madeira lindamente trabalhada nos leva ao andar de cima, onde inicialmente acontecem as apresentações musicais. Outro ambiente cuidadosamente detalhado, assim como o andar de baixo. Com belíssimas cruzes de ferro e quadros pelas paredes de tijolos. Os banheiros são decorados por propagandas de serviços e eventos fictícios medievais, chaves de ferro e trancas, não abandonando o contexto de fora. Tudo muito bem elaborado para não deixar os visitantes perderem o apelo medieval.

Conforto é uma característica importantíssima nesse lugar. Amplas mesas e cadeiras de madeira muito bem trabalhadas se espalham estrategicamente pelos dois andares, os ambientes são climatizados, tudo com ar condicionado na medida certa. Uma modernidade muito bem-vinda. As facas são grandes e serrilhadas, imitando pequenos punhais, essenciais para rasgar as deliciosas carnes.
Temperos magníficos e sobremesas cheias de magia nos fazem delirar. Detalhe interessante é poder escolher o ponto das carnes. Vem tudo do jeito que realmente agrada os clientes. O Walfenda é muito mais que um restaurante temático, é uma verdadeira fenda no tempo, nos levando ao melhor que pode ter existido nos melhores reinos da idade média! Com toda a certeza, uma iniciativa de muito sucesso e muito superior a outros lugares que já existem e se aproveitam da mesma temática, que apesar de serem relevantes no que se propõe, não têm o mesmo carisma e perfeccionismo.
Tudo é levado muito a sério por sua dona. Fica claro que em cada detalhe, em cada aroma e em cada sabor, bem como na infraestrutura, estão implícitos o amor e a sensibilidade presentes no coração da Angelita Gonzaga. Dá para sentir que ela realiza um sonho e partilha isso com os clientes, que realmente se maravilham com a experiência única. Ainda mais completando o contexto com a belíssima apresentação do Oaklore. As pessoas saem de lá maravilhadas e impressionadas por tanta qualidade e magia. Noites realmente míticas esperam os ávidos viajantes que pararem por lá. E não se espante se resolver repetir a dose. Simplesmente uma viagem no tempo inesquecível.

As informações completas você encontra no site oficial do Walfenda.
Não deixe de conhecer esse lugar incrível.
Uma boa oportunidade também será dia 25 de fevereiro, no almoço com o Oaklore.
Música e comida da melhor espécie!

Marcos Falcão.
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