A diferença entre um cover e um tributo
- Roadrock Blog
- 13 de abr. de 2019
- 4 min de leitura
(Originalmente publicada em 14 de setembro de 2018)
Hoje em dia somos agraciados com o advento das bandas que tocam os materiais de mitos consagrados na história do Rock. Esse tipo de coisa sempre existiu, só que de uns anos pra cá se multiplicou. Cresceu a quantidade de artistas dedicados em reproduzir suas bandas preferidas, muitas vezes influências de seu próprio aprendizado. Esse saudável hábito, apesar de criticado pelos mais “exigentes”, tornou se cada vez mais frequente pelo mundo a fora. As críticas se baseiam no fato de que pode ser muito mais produtivo e artístico o trabalho autoral, sem a necessidade de “imitar” o dos outros. Mas sabemos que essa observação não deve ser levada muito a sério. Não é porque uma banda não compõe que deve ser desprezada ou vista como cópia do que já foi feito. Isso não depõe contra o talento e dedicação dos músicos de forma alguma.

Outros afirmam que esse tipo de coisa atrapalha as bandas que tem seu próprio som. No entanto, a meu ver se destaca o talento, a criatividade e, principalmente o coração. Há espaço para todos que trabalham inspirados. Uma banda que faz um trabalho autoral que é realmente bom vai se sobressair. Existem diversos exemplos disso por aí. Funciona igual com covers e tributos. Se for bem feito vai agradar, senão não vai funcionar. O Sol nasce para todos os que merecem.
Essa realidade, onde gente de talento e qualidade reproduz aquilo que foi de melhor na história do Rock, é algo extraordinário para os fãs, que quando bem feito resgata coisas que muitas vezes já não existem mais, como é o caso de vários nomes do Rock Progressivo, entre outros estilos. É uma oportunidade de realizar sonhos, de ver aquelas músicas que marcaram uma vida, ali bem vivas e respeitadas. Coisas que nunca foram presenciadas, até mesmo por questões cronológicas. Também desperta atenção para trabalhos originais de gente que, se não fosse por essa atitude, jamais conheceríamos.

Mas como realmente funciona isso? Com a variedade de bandas aumentando cada vez mais, há necessidade de se entender as propostas e razões de todo esse movimento, como ele acontece e de que jeito. Isso evita dúvidas que podem surgir na cabeça do público e críticas desnecessárias, muitas vezes infundadas. A qualidade dos músicos é algo digno de nota, pois engana se quem pensa que é fácil tocar o trabalho dos outros. Isso tem que ser feito com cuidado e dedicação, não é simplesmente copiar. Primeiramente o que precisa ser entendido é a diferença entre um cover e um tributo.
Para quem não vê a diferença, as coisas se confundem e isso leva a interpretações erradas. Para que isso não aconteça, é preciso entender os conceitos. Banda cover é a que tem como prioridade reproduzir cada detalhe do original, tais como figurinos, integrantes, músicas (procurando soar o mais parecido possível). As performances também tem que ser iguais. É como se a própria banda original estivesse no palco, algo que requer muito estudo e dedicação. Tem que ser uma imitação muito bem feita. Um exemplo de cover é a cantora Verônica Pires, o cover oficial da Madonna no Brasil. Seu empenho segue na pegada do que a cantora original fazia, chegando até a ter os dançarinos e uma boa reprodução de seu trabalho de palco, com músicos performáticos, videos e efeitos de luz. Ela se preocupa com cada detalhe e acaba caindo nas graças do público, que lota seus shows onde quer que vá. Há outros exemplos de cover por aí, mas acredito que o conceito da coisa já ficou bem claro.

Banda tributo já é algo mais comum, mais livre. Ela não precisa ser a cópia e pode inclusive realizar versões personalizadas do trabalho original, algo que quando funciona pode levar a grandes momentos. Neste caso não há necessidade de figurinos idênticos, estilos, quantidade de integrantes, etc. A personalidade musical de cada um fica mais evidente, pois não há necessidade de ser tão igual. Os músicos podem reproduzir os trabalhos dos originais do jeito que gostam ou entendem, sem se preocupar em imitar. São livres para homenagear seus ídolos da forma que quiserem, apenas respeitando as gravações, sem sair muito do que se propõe.
Um exemplo é o Atom Pink Floyd Tribute, onde apesar dos efeitos visuais, os músicos não se preocupam em imitar a banda de origem, mas sim em fazer um show o mais próximo possível do que se esperaria do original, sem necessariamente copia lo. Funciona muito bem, a tal ponto que até pode confundir os conceitos aqui apresentados.

Bandas como Almanak, Hot Rocks, Hardstuff, Rock Memory, 80 graus, entre outras, também estão na categoria de tributos. Tocam materiais e releituras de diversas bandas, fazendo a alegria da galera que lota seus shows frequentemente.
Portanto é bom deixar de confundir as coisas. Acredito que muita gente entende as diferenças e vai até achar desnecessário um texto como esse. Mas aí é que está. Chegam até mim diversas polêmicas, e até mesmo críticas infundadas sobre o assunto. Por esse motivo resolvi elucidar essas questões, voltando minha atenção ao público mais desavisado.
O Roadrock foi criado com a missão de divulgar o Rock para todos, não só para os entendidos, então por aqui cabe de tudo, até uma biografia sobre aquela banda que todo mundo já viu, já sabe, já viveu. Vai sempre ter alguém que ainda não conhece. Esse público também merece atenção. E se as coisas não forem reescritas e repetidas, inclusive por diversos pontos de vista e experiências, ficam perdidas através das gerações.

Aquele que começa no caminho do Rock sempre merece atenção, principalmente nesse mundo cheio de informação. Estamos aqui para todos, não somente para os profundos conhecedores. Por isso a necessidade de textos informativos. Então espero que daqui pra frente você não se confunda mais entre os detalhes das apresentações de suas bandas preferidas, reproduzidas por músicos que se comprometem em reviver passados tão gloriosos, sejam eles covers ou tributos. O que vale é a diversão e o contentamento em ver nossos sonhos realizados!
Marcos Falcão.
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